quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Voltar à forma no pós-parto

Nove meses após ter sido mãe - e tendo passado já tanto tempo não-grávida como o tempo em que estive grávida - julgo que é o momento ideal para fazer um balanço sobre a possibilidade de se voltar à forma depois de passarmos pelo processo da gravidez. Sei que uma dúvida que muitas mulheres têm é quanto a saber se vão conseguir recuperar a forma física que tinham antes de serem mães, por isso, hoje quero dar o meu contributo para o tema, quero contar a minha experiência a todas as futuras mães que me leem.

Dúvidas como:"Conseguirei voltar a ter esta cintura? Ficarei com ancas de parideira largas para sempre? E as minhas mamas, descerão um andar ou continuarão firmes aqui no piso de cima? E a barriga? Não quero ter estrias, conseguirei evitá-las?" são frequentes. Sou mulher, agora sou mãe, e sei perfeitamente os medos que tinha. Conheço estes medos todos. Durante a gravidez, com medo de me tornar uma baleia humana, fui até seguida pela Dra. Mariana Abecasis. Achava que andava a comer de forma desalmada e que iria chegar facilmente aos 80 kgs, se não tivesse alguém a dar-me na cabeça. Na verdade, a Dra. Mariana serviu em parte como psicóloga e como amiga. Não sei se ela terá consciência disso, mas a dada altura eu precisava essencialmente de alguém que ouvisse os meus medos e me compreendesse, porque os princípios nutricionais e as diretivas para seguir eu já tinha interiorizado. Sim, muitas vezes queremos poder dizer apenas "tenho medo de ser gorda" e queremos que aceitem o nosso medo, simplesmente. Sem discursos moralistas. Sem "não te preocupes com isso" ou sem "estás ótima, esquece isso". Às vezes, estranhamente, queremos apenas poder preocupar-nos com isso. E queremos que nos digam que não estamos ótimas e que devemos ter cuidado. A Dra. Mariana permitiu-me desabafar sobre os meus medos. E, juntas (sim, porque parte do mérito de não ter engordado deveu-se a ela), permitiu-me "apenas" ganhar 10,5 kgs durante a gravidez. Nunca fiz dieta. Comia como um urso acabado de sair da hibernação. Todos os dias. E abusei da "fast food", mesmo sabendo que não devia. Mas introduzi a sopa na alimentação. Caminhei muito. Todos os dias caminhava pelo menos meia hora. Nadei. Continuei a ir ao ginásio. Comia chocolates, mas depois tentava equilibrar com legumes e alimentos mais saudáveis que eram sugeridos. E consegui não me tornar gigante, nem ganhar estrias.

E o depois? Depois, talvez por estar a amamentar, recuperei rapidamente o peso que tinha. Até baixei. Atualmente tenho menos 2 kgs que aquilo que tinha antes de engravidar. Sem dietas. Sem sacrifícios, comendo apenas como sempre comi. A barriga não está igual. Não vou mentir. Quando me sento, a barriga ganha umas ondas novas, e noto que a pele não está tão esticada como antes. Mas  a verdade é que também não fiz nada para que a barriga tonificasse! Desde que fui mãe, devo ter feito abdominais no máximo 5 vezes. E não fui assídua nas corridas e no ginásio. No entanto, no último mês, voltei a correr mais assiduamente. Comecei a fazer exercícios localizados. Abdominais incluídos (na última semana fiz duas vezes). E posso agora dizer que estou praticamente igual. Nunca tive um corpo perfeito, por isso, também não é agora que o tenho. Mas nada posso apontar a gravidez como culpada.

Por isso, futuras mamãs, parece-me que nada há a temer. Cheguei aqui, passei pela gravidez, e posso dizer que, pela minha experiência, aquilo que somos depois é basicamente o que éramos antes. A barriga pode ficar um pouco mais flácida, mas nada que um exercício não resolva. As mamas? Até ao momento também me parecem estar iguais. Aproveitem a gravidez. Ah, e posso até acrescentar que ontem bati o meu record pessoal na corrida: 5 kms em 29 minutos. Nada de espetacular para quem corre a sério, mas um dia especial para mim. E com muito menos horas de sono diárias (continuo a ter uma filha doida que adormece sempre tardíssimo, mas que adoro ;)) e com uma barriga menos tonificada.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O brilho dos Óscars

Quanto aos prémios, quem me segue no Facebook do blog, já sabe que estava a torcer pelo Whiplash em todas as categorias para que estava nomeado, pelo Birdman como melhor realizador e, quanto à melhor canção original, pelo Begin Again (que ainda não falei aqui, mas que foi um filme que vi há pouco e que também recomendo, deixa o coração cheio). Acrescento agora que, quanto à melhor banda sonora, torcia pelo Teoria de Tudo, que tem sido a minha companhia nos últimos dias. Temia que o Boringhood/ Boyhood ganhasse tudo, no entanto. Quando acordei, hoje de manhã, e comecei a ver as notícias, já ia com as piores expectativas. Por isso, foi uma lufada de ar fresco ver que a Academia ignorou o conceptualismo vazio deste último e valorizou a complexidade do Birdman. É que para "ver a vida como é", ficamos em casa, não é? Para quê ir ao cinema simplesmente para ver "o dia-a-dia duma família como outra qualquer"? Não percebo...

Entretanto, como de roupa já todos falaram e não teria nada a acrescentar, mostro-vos aquilo que, estranhamente, me deixou mais atenta: as joias. Não sei se terá alguma coisa a ver com a proximidade dos meus anos (bem posso esperar sentada, mas não custa sonhar), mas foi eram estas peças em particular que despertaram o meu interesse:

Eu sei que esta cara e este olhar da Margot Robbie ajudam, mas o colar da Van Cleef and Arpels é
simplesmente m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o, não é?

Marion Cotillard com uns brincos que, em miniatura, eram capazes de ser adotados pelas minhas orelhas.

Nunca escolheria este vestido com estes brincos, mas a Gwineth pode. E ficam-lhe perfeitos.
Se fossem em miniatura também podíamos ser felizes juntos.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Cinema em bom

Fui ver o Whiplash. Depois de outros filmes mais "conceptuais" (como o "Boyhood" e o "Birdman") e com reviravoltas completamente loucas na história (nada me preparou para a viagem no meio dos livros no "Interstellar"... nada!!) ou finais inesperados ("Birdman", mais uma vez), foi a vez de ver um filme em estado mais cru. O "Whiplash" conta a história dum jovem baterista, o Andrew, que está no Conservatório de música (o melhor Conservatório do país, na opinião dele) e quer ser grande. Ou Grande mesmo, com letra maiúscula. Quando surge a oportunidade de entrar para uma banda de jazz e ser orientado por um grande músico, o Fletcher, não desiste de encontrar o seu lugar na banda (é mais que um baterista a lutar pelo lugar) mesmo que isso implique ser praticamente humilhado pelo tal músico.

A história, dita assim, parece básica e pouco apelativa, não parece? E se eu disser que, de todos os filmes que vi desde janeiro de 2014 foi, a par com o Gone Girl - Em parte incerta, aquele que mais me prendeu? E se eu disser que foi o final que mais ansiei e que mais me deixou presa à cadeira, completamente tensa? A cena final do "Whiplash" é tão, mas tão boa que, no dia a seguir, tivemos que rever o filme. Sim, vimos o filme duas vezes em dois dias. Foi quanto adorei (adorámos, que ele estava como eu). O filme põe-nos a lamentar não termos começado a tocar bateria aos 6 anos. O filme põe-nos a vibrar com música jazz. E eu nunca tinha dado por mim a gostar do estilo! O filme é "só" o melhor filme que vi nos últimos tempos. E saber que são os próprios atores que tocam, sem recurso a duplos, torna-o ainda melhor. Tal como saber que os estalos do Fletcher ao jovem Andrew foram reais e não encenados. Tal como saber que o filme foi filmado apenas em 19 dias. É um filme em cru, como disse no início. Mas talvez por isso me tenha sabido tão bem, depois da loucura de outros filmes mais "trabalhados", digamos assim. Aconselho. Aconselho muito.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

E então esse Carnaval?

... A trabalhar, pois claro. Ontem ainda deu para matar saudades das amigas da faculdade, jantarmos e conversarmos um bocadinho, mas depois elas seguiram alegremente para a festa e eu... casa!! De qualquer maneira, ainda deu para desanuviar um bocado. De que nos vestimos? Bem... eu cheguei a casa já depois das 20h30, quando o jantar era às 21h, por isso, não tinha grande tempo para inventar. Acabámos por trocar: eu fui vestida dele e eu foi vestido de mim. De rir (ele, porque eu parecia só uma lésbica desmazelada)! Acho que a Cookie estava confusa a olhar para os dois, sem perceber o que se passava. Ah, quanto a ela teve direito a duas roupas: sábado vestiu-se de japonesa (cortesia dos tios que foram ao Japão e lhe trouxeram uma roupinha tradicional) e ontem de joaninha. Sei que não percebeu nada do que se passava (passou o tempo a tentar arrancar os corninhos que tinha na cabeça e as asas das costas), mas mais tarde há-de gostar de ver as fotografias do seu primeiro Carnaval. Ou isso ou matar-me por a ter vestido tão novinha. Vou torcer pela primeira!...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Não daria uma Anastasia Steele competente

Ontem dei uma cabeçada com toda a força na janela do meu escritório. E com colegas a ver. As lágrimas começaram a ameaçar chegar com tanta força que tive medo de não as conseguir aguentar. Lá consegui com esforço. Vi estrelas. Cometas e tudo o mais. Mas não me apetecia gritar nem atirar uns palavrões: só chorar, mesmo. Hoje dei por mim a pensar na minha reação à dor e nisto tudo das Cinquenta Sombras de Grey, e cheguei à conclusão que seria a pior Anastasia Steele de sempre. Bastaria uma ameaça de pancada, por muito leve que fosse, e desataria logo a chorar. Tão sensual, hãa? Toda a gente sabe que não há nada mais sensual que uma mulher a chorar baba e ranho. (noooot)

Uma sátira em brasileiro que encontrei a propósito do livro, e que me arrancou uma valente gargalhada,

Parar para respirar

As últimas semanas foram tão cansativas que não sei como consegui sobreviver (de forma sã!) para contar. O trabalho talvez nem seja mais, talvez seja o mesmo de sempre, não sei, mas conciliar os horários pesados e prazos sempre apertados com uma bebé e um marido que precisam de nós (e nós deles, claro), nem sempre é tarefa fácil. Não vou mentir: há dias em que me apetece gritar. Não tenho posto os pés no ginásio (nem na rua, na verdade). Não tenho falado com amigos ou com a família. Não tenho tido um momento para mim. E desde ontem, finalmente, estou a conseguir parar para respirar.

No outro fim-de-semana dei por mim a desesperar: queria fugir para algum lugar paradisíaco, ele estava numa onda mais "caseira", desentendemo-nos, portei-me como uma adolescente a fazer birra. Chateámo-nos, eu estava com zero paciência para ser contrariada e acabei a explodir. Explodi. Há dias assim, não há? E podia não escrever isto aqui e falar, por exemplo, do "Interstellar" (que entretanto já vi), mas o blog é meu e gosto de sentir que aqui sou transparente. Há dias de amor. Mas há dias de explosão também. E se isto é sobre o meu dia-a-dia, tenho que ser honesta comigo mesma. Há dias de explosão, sim. Felizmente, são muito muito raros. E verdade seja dita que sou sempre eu a explosiva. Explodi. Foi um fim-de-semana mau. Mas que depois veio seguido de uma semana melhor e mais pacífica. E de um fim-de-semana de completo descanso longe de tudo. Às vezes é preciso demolir para começar de novo a construir. E construímos um fim-de-semana só para nós. Fomos até Vidago. Namorámos. Sentimos a calma do lugar. O silêncio. Respirámos o ar puro. Fizemos uma pausa. Fomos só nós, sem a pressa do dia-a-dia, o relógio a correr, o trânsito, os prazos, os telefones a tocar. Só nós. Em pausa. Até que o tempo (maldito tempo, que nunca aguenta muito tempo quieto) recomeçou. Mas mais calmo. O tempo tem passado mais devagar desde domingo. E espero conseguir manter este ritmo nos próximos dias. De qualquer das formas, teremos sempre Vidago.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

A Teoria de Tudo

Ontem foi a vez de vermos "A Teoria de Tudo". O filme começa bem. Temos a típica cena "rapariga-conhece-rapaz" e sabemos logo que, mesmo tão diferentes, aqueles dois vão ter, inevitavelmente, que acabar nos braços um do outro. A "Teoria de Tudo" começa de forma doce, muito doce. No entanto, por ser o retrato de alguém cuja condição física conhecemos tão bem - o Stephen Hawking - é impossível saborear na plenitude aquele início de doçura. Passei os primeiros trinta minutos do filme com um nó na garganta por antecipação do pior, que sabia que estava para vir a qualquer momento. Foi em vão: mesmo o pior do filme nunca chega a ser tão amargo como imaginava. Porque Stephen parece estar sempre noutra dimensão, acima de tudo, numa dimensão em que as limitações humanas não são obstáculo para nada. E porque a mulher, Jane, parece sempre ter uma determinação, força e caráter tais que nada nem ninguém a poderá deter. Só mesmo Stephen, mas isso é outra história. E mesmo quando Stephen toma "a" decisão, já quase no final do filme (é ver para perceber), Jane reage com dignidade.

Jane é a mulher que qualquer homem podia desejar (ou não fosse o filme inspirado no livro autobiográfico da mesma). Stephen é a mente que todos admiram. É caótico, desorganizado, mas brilhante, e isso atrai todos para junto de si. O filme é uma história de amor. Mas uma história de amor de Jane por ele. Uma história de amor sobre a forma como Jane abdicou de tudo para o ajudar a dedicar-se a desenvolver uma teoria sobre aquilo que ele menos tinha: Tempo. Mas o Tempo é assim, imprevisível, e os dois anos iniciais prometidos de vida a dois tornaram-se mais de vinte. O Tempo é imprevisível e os dois multiplicaram os dois anos e multiplicaram-se a si também. Até já não serem dois, mas quatro. E depois cinco. O filme é uma história de amor. E mesmo quando deixa de o ser, o amor está sempre lá. Mesmo quando mais alguém entra na equação, o amor continua. Esperava que o filme fosse essencialmente sobre o Stephen e a sua obra, sobre as suas teorias, sobre as suas ideias. É essencialmente sobre a sua vida a dois. Mas pela forma brilhante como o Stephen é retratado (o ator é simplesmente genial), e pela possibilidade de conhecermos melhor o seu percurso, já vale a pena. É a minha teoria. Não é sobre tudo, mas é sobre o filme.